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A despedida do velho gaiteiro

24/07/2018
  • Foto: Fernando Camargo

Em homenagem a Adão Soares, o "Tio Machadinho", resgatamos de nosso arquivo, da Dorense em Revista, a entrevista abaixo, escrita pela jornalista Aline Belinaso e publicada na edição 72 de junho de 2012.


 

A história de Adão Soares Machado, carinhosamente chamado de “tio Machadinho”, pode ser contada em verso, prosa e ao som de uma gaita. Especialmente se a gaita for a sonely, 14 vozes, 120 baixos, que ele tem como instrumento de estimação. Carrega nela as alegrias de uma infância e adolescência vivida em São Martinho da Serra, onde nasceu aos 12 dias de março de 1937. Ainda menino, aos 16 anos, acompanhando o pais e os irmãos músicos, se apaixonou pela gaita e aprendeu a tocá-la sozinho.

“No ano seguinte, vim para a cidade e tocava em programas musicais da Rádio Imembuí. Depois, integrei diversos conjuntos de música gaúcha”, conta o gaiteiro. Incentivado por amigos, fez parte da criação do conjunto de baile Santa Maria Show, em 1968, e muitas madrugadas varou alegrando moças e rapazes nos bailes em vários rincões do interior gaúcho. Passou a desfilar na avenida nos desfiles de 20 de setembro por CTG’s de Santa Maria, sempre acompanhado da gaita.

“Mas a minha vontade era desfilar pelo Dores. Tornei-me associado em 1991 e, pouco tempo depois, após contato com o patrão Edevar da Silva e com o diretor artístico Paulo Iberê, entrei para o DT”, relembra. Foi o gosto pelo carnaval que trouxe Tio Machadinho para dentro do Clube. Passou a integrar o bloco Loucos por Chamamé, criado em 1994, e o grupo xiru de danças tradicionalistas. Foi forçado a encerrar sua participação no grupo de dança após problemas de saúde. Viúvo, pai de quatro filhos, em 2000 casou-se com Verônica Parcianello, sua companheira até os dias de hoje. “Em 2006, me ofereci para desfilar no 20 de setembro. Com muita honra, desfilei naquele ano e nunca mais deixei de declarar meu amor pelo tradicionalismo e, em especial, pelo DT”, conta ele.


Quando Zeno de Souza assumiu a patronagem, convidou-o para fazer parte do Conselho de Vaqueanos e auxiliar na Invernada Campeira. Sem pestanejar, aceitou e, hoje, é presença confirmada em todos os eventos do departamento ou dos quais o departamento participa. “Seja concurso, rodeio artístico, Semana Farroupilha: lá está o Tio Machadinho com sua Verônica, gritando o nome do departamento, que ele considera sua segunda casa”, afirma Valmir Beltrame, membro do Querência das Dores. E, por falar em sua casa, lá se nota o amor pelo Clube. Os quadros de fotos reproduzem as páginas do tradicionalismo na Dorense em Revista. Na estante, o troféu que ganhou como melhor folião do carnaval dorense. Em outro canto, o troféu que ganhou como 2º lugar no Concurso de Gaitas do Festxiru. Sua residência é lotada de alegria. Que o digam os amigos que o visitam. Cara alegre, mesa farta e muito carinho. “Assim ele recebe os amigos, mostrando com orgulho retratos de sua vida que, hoje, se confunde com a história do DT Querência das Dores”, relata Valmir.


A gaita, eterna companheira. Para todo lado que tio Machadinho vai, a gaita também vai, inseparável. A atual foi adquirida em 1996 mas, de tão bonita, parece nova. “Essa gaita é dos anos 60. Quase cinquentona! Mas está mais conservada do que o dono dela”, brinca Machadinho, aos risos, provando que está sempre disposto e brindando a todos com seu sorriso e simpatia.

  • Foto: Fernando Camargo
  • Foto: Fernando Camargo
  • Foto: Fernando Camargo
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